Comissão de Inteligência Artificial da UFMG divulga relatório sobre uso dessa tecnologia pela comunidade acadêmica

Dados revelam padrões de uso e desafios éticos no ensino e na pesquisa

A Comissão Permanente de Inteligência Artificial (IA) da UFMG divulgou o relatório IA na UFMG: percepções da comunidade acadêmica, primeiro mapeamento sistemático sobre o uso da tecnologia por docentes, discentes e servidores técnico-administrativos da Universidade. Em 44 páginas, o documento detalha como a comunidade tem incorporado a IA às rotinas acadêmicas e administrativas e indica tendências e lacunas que deverão orientar novas ações institucionais.

O levantamento, realizado entre maio e julho de 2025, ouviu 2.241 respondentes da comunidade universitária. Desses, 1.832 preencheram integralmente a seção principal do questionário, sendo 1.233 discentes, 410 docentes e 189 técnicos que declararam utilizar IA em atividades de ensino, pesquisa ou gestão. A pesquisa mostra que, embora a familiaridade com ferramentas generativas e assistivas seja crescente, o uso ainda é desigual entre perfis e áreas de conhecimento.

Um dos achados que mais chamam atenção no mapeamento é o uso reduzido da IA por discentes para geração de imagens e sons, transcrições e gestão e organização de tarefas e atividades. Por outro lado, dos 410 docentes que indicaram utilizar a IA em atividades acadêmicas, com maior frequência (sempre e frequentemente) estão as atividades de tradução (251), pesquisa de fontes e links (207), correção e revisão de textos (193), obtenção de dados e informação (186), escrita acadêmica (168) e produção de síntese de textos ou documentos (162).

Para a Comissão, os resultados ajudam a mapear as zonas de maior resistência, orientar formações e compreender como o uso de IA se manifesta de modo diferenciado nas dimensões pedagógica, científica e administrativa. O relatório também destaca o papel das unidades acadêmicas no incentivo ao letramento digital e ético em IA, especialmente no contexto das novas diretrizes curriculares e da crescente presença de assistentes generativos na vida universitária.

Protagonismo

Criada em 2023, a Comissão Permanente de Inteligência Artificial tem se consolidado como referência nacional no debate sobre regulação, ética e governança das tecnologias de IA. Reportagem recente da Folha de S.Paulo destacou a UFMG como uma das poucas instituições do país que possuem instância permanente voltada ao tema, “capaz de responder a dúvidas, propor eventos e orientar políticas institucionais de uso responsável de IA”.

Entre as metas de curto prazo da Comissão estão a publicação de estudos técnicos – como o relatório agora divulgado – e a formulação de diretrizes internas de boas práticas, que deverão abranger ensino, pesquisa, extensão e gestão administrativa. O colegiado também planeja a criação de um observatório de IA, que atuará em parceria com unidades e centros de pesquisa para monitorar impactos da tecnologia e propor estratégias de letramento digital.

A Comissão foi responsável, em setembro, pela organização do II Seminário Inteligência Artificial, Ética e Universidade, evento que integrou a Semana do Conhecimento UFMG 2025 e reuniu especialistas de áreas como Comunicação Social, Letras, Ciência da Computação e Geociências. O encontro abordou temas como ética algorítmica, acessibilidade, impactos cognitivos e uso pedagógico de IA generativa.

Matheus Espíndola | Agência de Notícias da UFMG

Fonte

Assessoria de Imprensa UFMG