Em sessão especial, o Cineclube Arquivo exibe na quarta-feira, 17, o documentário Favela - das leben in armut, de 1971, sobre a influência de Carolina Maria de Jesus, uma das primeiras escritoras negras do Brasil, na literatura. A exibição terá início às 14h30, no auditório 2001 da Faculdade de Letras da UFMG, e será seguida de debate com participação da professora Cláudia Mesquita, do Departamento de Comunicação Social da Fafich. 

Será a primeira vez que o registro – preservado pelo Acervo de Escritores Mineiros da UFMG –  será apresentado. Na sessão, também serão abordadas a diversidade do cinema negro e sua relevância na formação de memórias, identidades e resistências.

Baseado no primeiro e mais famoso livro da escritora, que vendeu mais de 10 mil exemplares no primeiro mês, o documentário Favela - das leben in armut, protagonizado pela própria Carolina, registra o cotidiano da mineira na favela do Canindé, onde viveu por três décadas

Diários que viraram best-seller
Filha de pais analfabetos e natural de Sacramento, município do Triângulo Mineiro, Carolina Maria de Jesus nasceu em 14 de março de 1914. Entrou na escola somente aos sete anos e, mesmo com apenas dois anos de educação formal, aprendeu a ler e escrever – momento em que se apaixonou pela leitura. 

Em 1937, após a morte da mãe, mudou-se para São Paulo, onde trabalhou como empregada doméstica. Em 1947, passou a viver na favela do Canindé, onde nasceu seus três filhos. Lá, encontrou em papéis e materiais que catava sua forma de subsistência.

Leitura voraz, registrava o seu dia a dia em diários, nos quais dava seus testemunhos sobre a realidade cotidiana da favela. Em 1960, com a ajuda do jornalista Audálio Dantas (1929-2018), publicou seu primeiro livro, Quarto de despejo: diário de uma favelada. Marcada por reflexões e relatos de acontecimentos da favela do Canindé entre os anos de 1955 e 1959, a obra deu materialidade a um dos diários escritos pela autora.

Quarto de despejo foi sucesso de vendas, com tradução para 16 idiomas. Carolina mudou-se para o bairro de Santana, na capital paulista, e publicou, em 1963, as obras Pedaços de fome e Provérbios. Em 1969, foi morar em Parelheiros, na zona sul de São Paulo. O bairro tinha uma atmosfera de cidade do interior que lembrava sua terra natal, na zona sul da cidade, onde morreu em 1977, aos 62 anos.