Exposição de Augusto Fonseca reúne pinturas que exploram arquétipos humanos e arquitetônicos
Em alusão à vida caótica na cidade, o artista visual Augusto Fonseca leva ao Centro Cultural UFMG a exposição individual Impalpável concreto. A mostra reúne pinturas que exploram arquétipos da figura humana e da arquitetura, representados como estruturas geométricas entrelaçadas em um aglomerado de formas. A exposição pode ser visitada até 23 de novembro. A entrada é gratuita, com classificação etária livre.
Em Impalpável concreto, Fonseca busca construir e desconstruir, por meio de estruturas ordenadas e matérias difusas, a imagem de uma cidade que transcende sua simples semelhança com o real. “A figura humana geometrizada, inicialmente moldada em padrões pré-estabelecidos, é corrompida e fundida em um conjunto de outras formas, ruídos e atritos surgidos da ocupação dos espaços”, afirma-se no texto de divulgação distribuído pelo Centro Cultural.
O artista trabalha com opostos e complementares, propondo um jogo interminável de alegorias e aproximações. “O geometrismo, sustentado pela linha e pelo desenho, contrapõe-se ao gesto livre, traduzindo a impermanência do tangível e representando o incessante trabalho de construção e desconstrução. Nessas cidades, o passado permanece visível enquanto o futuro se insinua, redesenhando-se constantemente”, explica Augusto Fonseca.
Arte em transformação
Formado em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da UFMG e mestre em dimensões teóricas e práticas da produção artística pela Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg), Augusto explica como as artes foram transformadas e repensadas no decorrer das últimas décadas. Segundo ele, na década de 1950, disseminou-se o entusiasmo pela tendência geométrica, acompanhada dos conceitos construtivos. Na década seguinte, o objeto de arte se desmaterializou progressivamente, emergindo em performances, body art e arte conceitual. Já nos anos 1980, a materialidade retornou com intensidade em pinturas, objetos e instalações.
“Essa inconcretude que atravessou as novas formas de fazer arte ampliou nossa percepção da mutabilidade: a estabilidade cedeu espaço à ação, ao rastro, à cor, à gravidade – à própria materialidade impregnada nas obras –, revelando um mundo em constante transformação”, conclui Fonseca.
