Institucional

Nova diretoria da Faculdade de Letras toma posse nesta quinta, 28

Sandra Gualberto Bianchet e Lorenzo Teixeira Vitral, diretora e vice, cumprirão mandato até 2029

Entrada da Faculdade de Letras da UFMG
Entrada da Faculdade de Letras da UFMG, que tem nova direção a partir desta quinta-feiraFoto: Foca Lisboa | UFMG

A nova diretoria da Faculdade de Letras (Fale) da UFMG toma posse nesta quinta-feira, 28, às 18h. A cerimônia, conduzida pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, será realizada no auditório A104 do Centro de Atividades Didáticas 2 (CAD 2) e transmitida pelo canal do Colegiado de Graduação em Letras (Colgra) no YouTube.

Sandra Gualberto Bianchet, da área de literatura, assume como diretora; Lorenzo Teixeira Vitral, da área de linguística, como vice-diretor. Responsáveis pela gestão 2025-2029, eles substituem Sueli Maria Coelho e Georg Otte, diretora e vice-diretor durante o período 2021-2025.

A consulta eleitoral ocorreu em junho. Com o mote Excelência social e acadêmica em foco, a chapa de Sandra e Lorenzo recebeu a maioria dos votos em todos os três segmentos (professores, servidores técnico-administrativos e alunos).

Oferta de autonomia
No documento em que apresentam suas propostas de gestão, Sandra e Lorenzo afirmam que, diante da realidade atual de restrições (orçamentárias, principalmente), “não há muita margem para transformações radicais que, de fato, provoquem alterações de grande impacto no curso de nossas atividades”. O documento demarca as diretrizes que devem balizar a sua gestão.

Sandra: oferta de autonomia e delegação de responsabilidades para gestão colegiada
Sandra: gestão colegiada Foto: Foca Lisboa | UFMG

A dupla começa sinalizando sua intenção de oferecer autonomia e seguir delegando responsabilidades para as diferentes instâncias da Faculdade que se responsabilizam por aspectos específicos do dia a dia acadêmico. Sandra e Lorenzo afirmam que não pretendem “exercer um papel voluntarista ou de vigilância em relação à atuação do conjunto dos três segmentos da Faculdade de Letras”, a despeito de, formalmente, competir à direção esse tipo de supervisão.

Os novos gestores pretendem delegar esse acompanhamento aos mecanismos colegiados já consolidados para essas funções. “Como sabido, já há instrumentos para esse tipo de acompanhamento, como os relatórios anuais dos servidores docentes; as avaliações anuais de desempenho dos servidores técnico-administrativos e as avaliações discentes usuais; há também acompanhamentos externos, como a avaliação pela Capes dos programas de pós-graduação”, exemplificam.

“Nosso papel é, antes, aprimorar as condições para que todas e todos – servidores e estudantes – tenham, idealmente, as melhores condições possíveis de desenvolver seus desejos e capacidades”, demarcam.

Gestão participativa do orçamento
Algumas das demais intenções da dupla, manifestadas no documento: apoiar a implementação do Programa de Gestão de Desempenho (PGD) na unidade e buscar a recomposição de seu quadro de servidores (docentes e técnico-administrativos); fortalecer a estrutura de apoio às questões de saúde mental na unidade; criar novos canais (reais e virtuais) de divulgação interna da pesquisa científica realizada na Fale; investir em editais para a publicação de livros, seja como e-books, seja em parceria com a Editora UFMG; promover o aperfeiçoamento do site da unidade; enfrentar os desafios relacionados à permanência estudantil. Além disso, o documento demarca um manifesto interesse de realizar um acompanhamento local do trabalho geral realizado pela Comissão Permanente de Inteligência Artificial da UFMG, em face dos desafios interpostos por esse campo às atividades acadêmicas da Fale.

No programa, os novos diretores também indicaram o desejo de realizar uma discussão participativa, em cada ano de seu mandato, de qual deva ser a utilização a ser dada ao orçamento disponível para o ano seguinte. “Nossa Faculdade recebe não só recursos da União, uma fração do orçamento da UFMG definida pela Administração Central, mas também recursos próprios, provenientes especialmente das ações de extensão da Fale (cursos e exames de proficiência) e das arrecadações dos cursos de especialização. Nossa proposta é discutir com a comunidade acadêmica, no ano anterior à geração do recurso, quais seriam os investimentos a serem feitos no ano seguinte, em ordem de prioridade e em função do montante de recursos efetivamente obtido como verba discricionária, com a previsão de investimentos em projetos de servidores e de discentes”, salientam os diretores.

Currículos
Docente da Fale há mais de 30 anos, Sandra Gualberto Bianchet é professora titular de língua e literatura latinas, com atuação no curso de graduação, na pós-graduação em estudos literários e no curso de especialização em linguagem jurídica da unidade. Ela graduou-se em português, alemão, inglês e latim pela própria Fale, onde também fez seu mestrado.

Sandra e Lorenzo: destinação participativa do orçamento anual
Lorenzo atua na área de estudos linguísticosFoto: Arquivo pessoal

Sandra fez seu doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e estágios de pós-doutorado no Brasil e no exterior: na Universidade George Mason, na Universidade de Washington, ambas nos Estados Unidos, e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na Fale, é ainda membro do grupo de pesquisa Neam (Núcleo de Estudos Antigos e Medievais).

No âmbito da gestão universitária, Sandra foi coordenadora do Centro de Extensão (Cenex) da Fale (2006- 2010), vice-diretora da unidade (2010-2014) e presidente da Fundação Universitária Mendes Pimentel (2015-2022). Desde 2022, dirige a Comissão Permanente do Vestibular (Copeve).

Entre suas publicações, destaca-se a obra de referência Dicionário do latim essencial (Autêntica, 2014). É autora também, entre outras, de duas traduções de romances antigos que são basilares para o campo: Satyricon, de Petrônio (Crisálida, 2004), e As metamorfoses de um burro de ouro, de Apuleio (Appris, 2020).

Docente da Fale também há mais de três décadas, Lorenzo Teixeira Vitral dá aulas na graduação e na pós-graduação em estudos linguísticos. No âmbito da gestão universitária, foi chefe do Departamento de Linguística da Fale (1998-1999), época em que a unidade se organizava em departamentos, coordenador da área de linguística (2003-2004) e coordenador do curso de especialização em gramática da unidade.

De suas publicações, destacam-se os livros Gramaticalização e gramática gerativa (Abralin, 2021), Gramática inteligente do português do Brasil (Contexto, 2017) e Gramaticalização: uma abordagem formal (Tempo Brasileiro, 2006).

Anexo do Acervo de Escritores Mineiros é conquista da gestão que se encerra 

O Portal UFMG convidou Sueli Maria Coelho a sintetizar um balanço de sua gestão à frente da unidade (2021-2025), período em que teve Georg Otte como seu vice-diretor. “Estar a serviço da Fale e da UFMG, trabalhando para o crescimento de nossa instituição, foi para mim e Georg motivo de grande honra, sobretudo porque sempre pudemos contar com o apoio e o engajamento de nossa comunidade, a quem agradecemos a confiança e a colaboração”, disse a professora, ao aceitar o convite.

Sueli lembrou que a eleição da dupla ocorreu no auge da pandemia, um ano antes do previsto, em razão da morte da professora Graciela Ravetti, ocorrida em março de 2021, quando ela era diretora da Fale. “Nossa eleição foi, portanto, num período de luto, extremamente difícil para toda a comunidade”, registra. Os gestores assumiram no fim de agosto daquele ano com a missão de honrar o luto e tocar a unidade em um momento em que a quase totalidade das atividades ocorria remotamente.

Alguns dos avanços registrados pela gestão foram a ampliação e consolidação de laboratórios da unidade, em resposta às demandas apresentadas pela comunidade acadêmica. Uma das conquistas alcançadas no âmbito do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) foi a transferência, para a Fale, do Acervo de Escritores Mineiros (AEM), que estava instalado na Biblioteca Central havia duas décadas.

Graças a uma articulação da Diretoria com diferentes instâncias da Universidade, um anexo está sendo construído nos fundos da Fale para abrigar o acervo. A previsão é que a obra seja concluída em meados do próximo ano. “A possibilidade de trazer o Acervo dos Escritores Mineiros para a Fale é um sonho antigo e uma grande conquista de nossa comunidade. Viabilizar esse projeto grandioso foi para mim e para Georg motivo de grande satisfação”, afirma Sueli.

Os anos foram avançando, a pandemia foi superada, e a unidade avançou na realização de importantes atividades. Um destaque do período, na perspectiva administrativa, foi a constituição de comissão para rever e atualizar as normativas da unidade. “Pode-se dizer que, atualmente, todos os procedimentos internos da Faculdade de Letras estão regulamentados; tais normativas são fruto de um trabalho democrático e coletivo, já que todas as resoluções foram elaboradas com base em ampla discussão com os membros da comunidade”, afirma Sueli.

“De modo geral, avalio que um marco de nossa gestão foi a abertura ao diálogo, a transparência das ações. Ao longo dos quatro anos em que estivemos à frente da Fale, mantivemos nossa agenda diariamente aberta para atender aos diversos segmentos da unidade, criamos um canal de comunicação direto com a diretoria e instituímos um boletim informativo, por meio do qual demos a conhecer à comunidade todas as deliberações da nossa Congregação”, finaliza a diretora.

Após a fila, a bonança: auditório da Faculdade de Letras lotado para a palestra de Chartier sobre o livro e suas vicissitudes
Palestra de Roger Chartier no auditório da Fale foi uma das atividades realizadas durante a gestão de Sueli e GeorgFoto: Ewerton Martins Ribeiro | UFMG

A Fale
A Faculdade de Letras (Fale) da UFMG foi criada, como unidade autônoma, em 26 de novembro de 1968. O curso de Letras, contudo, existe desde 1940. Ele surgiu como uma área da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras. Mais tarde, em 1968, as unidades se dividiram em Fale e Fafich.

A Fale oferece 450 vagas anuais em cursos de graduação, 420 para Letras e 30 para Letras-Libras. Das 420 vagas anuais, metade – isto é, 210 – é ofertada no primeiro e metade no segundo semestre, sendo que quase dois terços do total das vagas são destinados para o curso noturno.

A unidade conta com três programas stricto sensu de pós-graduação: Estudos Linguísticos (mestrado e doutorado), Estudos Literários (mestrado e doutorado) e o Mestrado Profissional em Letras. A Fale também oferece quatro cursos de pós-graduação lato sensu.

A Fale mantém um dos mais ativos centros de extensão (Cenex) da UFMG. O órgão operacionaliza a oferta para as comunidades interna e externa de variados cursos de línguas, entre os quais Libras, línguas clássicas, línguas estrangeiras modernas, língua portuguesa para brasileiros e língua portuguesa para estrangeiros.

Ewerton Martins Ribeiro