Acervo LGBT+ Cintura Fina será aberto a pesquisadores em agosto
UFMG foi a primeira universidade brasileira a institucionalizar uma coleção do gênero; arquivo reúne documentos, cartas, fotos, conteúdos de mídia e histórias pessoais

Abrigado na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich), o Acervo LGBT+ Cintura Fina será aberto em agosto a pessoas interessadas em desenvolver pesquisas com base em seus documentos. O agendamento prévio deve ser feito pelo site do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania LGBTQIA+ (NUH).
O acervo é composto de documentos, cartas, fotos, recortes de revistas e jornais e outras mídias doadas por pesquisadores, além de histórias de pessoas LGBT+ que marcaram os cenários local e nacional. Seus objetivos são resgatar, registrar, difundir e preservar o patrimônio, relacionado a práticas, memória e produções culturais da comunidade LGBT+, bem como lugares, imagens e documentos.
O nome Cintura Fina homenageia uma dissidente sexual (figura não propriamente travesti) importante no cenário LGBT+ de Belo Horizonte. A UFMG foi a primeira universidade brasileira a institucionalizar um acervo dedicado à comunidade LGBT+.
Na semana passada, pesquisadores da Associação Nacional de História que trabalham com historiografias queer visitaram o Acervo. O grupo, recebido pela coordenadora do Acervo, professora Marina Duarte, do Departamento de História, conheceu parte da coleção já catalogada, que preserva a história LGBT+ em Minas Gerais.

Foto: Acervo LGBT+ Cintura Fina
Cintura Fina
Em dezembro de 2021, Cintura Fina foi reconhecida como cidadã honorária de Belo Horizonte, após indicação da vereadora Iza Lourença (PSOL). Natural do Ceará, ela viveu em Belo Horizonte por quase 30 anos, nas décadas de 50, 60 e 70. Na capital mineira, foi cozinheira, faxineira, profissional do sexo e gari, mas destacou-se na mídia por sua personalidade combativa e pelo uso da navalha para se defender de agressões.
Embora fosse retratada como violenta pela mídia, Cintura Fina era conhecida nas ruas pela personalidade amigável e pela defesa das populações mais vulneráveis, em especial as prostitutas. Cintura Fina viveu seus últimos anos em Uberaba, no Triângulo Mineiro, onde morreu em 1995, aos 62 anos. Três anos depois, em 1998, tornou-se conhecida nacionalmente, ao ser interpretada por Matheus Nachtergaele na minissérie Hilda Furacão, da TV Globo.
