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Jornalista da UFMG relata, em livro, como passou por dois lutos gestacionais e crises de depressão

Carla Pedrosa lança 'Despedida da dor', neste mês da saúde mental e da prevenção ao suicídio

Livro de Carla Pedrosa
Livro de Carla Pedrosa tem memórias e poesiasSelo Editorial Starling

Neste Setembro Amarelo, mês da saúde mental e prevenção ao suicídio, a jornalista e assessora de comunicação da Biblioteca Universitária da UFMG, Carla Pedrosa, lançará o livro Despedida da dor, no qual relata – por meio de textos que mesclam memórias e poesias – os processos para lidar com o luto gestacional, que enfrentou duas vezes, e com as crises de depressão que a afetam desde a adolescência.

Com apoio do projeto Nova Lima literária, o lançamento da obra será realizado no dia 23 de setembro, às 19h30, no Cineminha, no centro da cidade de Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

“Convivo com a depressão desde os 19 anos. Por vezes, o vazio que eu sentia era tão grande que pensamentos perturbadores de desistir de tudo me assombravam dia e noite. As crises mais fortes foram após duas perdas gestacionais, em 2018 e 2021, quando também perdi a trompa direita em uma gravidez ectópica”, revela a autora. “Após anos de tratamento psiquiátrico e acompanhamento terapêutico, encontrei na escrita uma ferramenta que me auxiliou a processar e acolher meus lutos, potências e vulnerabilidades. Espero que meus relatos possam oferecer um abraço de conforto e esperança para aqueles que, com medo de julgamentos, se veem cada vez mais deprimidos ao silenciar o próprio sofrimento”, afirma Carla, que costuma dizer que é mãe de quatro filhos, “dois no céu e dois na terra”.

Política nacional
No mês de agosto deste ano, entrou em vigor a lei que institui a Política Nacional de Humanização do Luto Materno e Parental, que tem o objetivo de garantir treinamento dos profissionais para acolhimento, acompanhamento psicológico, acomodação em ala separada, entre outros cuidados essenciais para quem está enfrentando o processo de perda gestacional ou perinatal, assistência que Carla diz que não teve na época das duas perdas.

Carla:
Carla: escuta ativa e espaço seguroFoto: André Solano

“Essa política é extremamente necessária para humanizar o atendimento às mães e pais nesse momento tão delicado. Além das instituições de saúde, é preciso que toda a sociedade – sobretudo as pessoas mais próximas de quem está passando pelo luto – esteja preparada para acolher. Quando tive as perdas gestacionais, senti muita falta de uma escuta ativa e de um espaço seguro para sentir e processar a dor. Também percebi o quanto o incentivo para buscar acompanhamento com profissionais adequados é fundamental”, afirma Carla Pedrosa, que é servidora da UFMG há mais de uma década. Também na Universidade, ela se graduou em Comunicação Social e tornou-se mestre em Ciência da Informação.

Os lutos e as crises de depressão a impediam de se conectar genuinamente com os filhos vivos, Benjamim e Benício, e ela decidiu então retomar o hábito da escrita introspectiva, paixão que nutre desde a infância. Ela conta que, em sua obra de estreia, mergulha nas próprias sombras e lutos para se resgatar e, então, conseguir conectar-se verdadeiramente com os filhos. Ela imagina também que a leitura do livro será um “abraço de esperança” para outras pessoas que, “com medo de julgamentos, silenciam o próprio sofrimento e não sabem como, nem por onde, começar a se despedir da dor”.

Exemplares do livro estarão acessíveis no Espaço de Leitura, no prédio da Biblioteca Central.

LivroDespedida da dor
Autora: Carla Pedrosa
Editora: Selo Editorial Starling
88 páginas | R$ 40 (via formulário Google)
Lançamento: 23 de setembro, às 19h30, no Centro Social e Cultural Padre João Marcelino, o Cineminha (Rua Melo Viana, 100 – Centro, Nova Lima)