Morreu nesta terça, dia 9, aos 73 anos, a servidora técnico-administrativa Maria da Dores Pimentel Nogueira. Marizinha, como gostava de ser chamada, era doutora em educação e foi uma das fundadoras do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha. Ela também atuou como pró-reitora adjunta de Extensão na Universidade. Marizinha faleceu em casa, de causas naturais, e será velada no domingo, 14, às 10h, no Cemitério da Paz, em Belo Horizonte. O sepultamento ocorre às 13h30.

Nascida no município de São José do Almeida, na fazenda de seus pais, em 12 de julho de 1952, Marizinha graduou-se em Pedagogia pela UFMG e se especializou em Educação e Problemas Regionais na Universidade Federal do Pará (UFPA). Seu mestrado e seu doutorado foram cursados na UFMG.

A atuação profissional de Marizinha foi diversa: foi coordenadora pedagógica da Escola Afonso de Morais e da Fundação Estadual do Bem-estar do Menor, professora do Curso de Pedagogia da Universidade UniBH, coordenadora do Programa de Interiorização da Universidade Federal do Pará (UFPA), membro da Comissão Permanente de Avaliação do Fórum de Pró-reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras, coordenadora do Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, coordenadora de Programas de Fomento/Proex/UFMG e pró-reitora adjunta de Extensão da Universidade.

Em 2005, Marizinha foi agraciada com a Medalha de Honra JK, concedida pelo governador de Minas Gerais por recomendação dos membros do Conselho Permanente da Medalha Presidente Juscelino Kubistchek. 

Ética, empatia e amizade
O produtor cultural Sérgio Diniz, vinculado à Pró-reitoria de Cultura da UFMG, emociona-se ao falar da amiga Marizinha. Os dois se conheciam há mais de 30 anos e atuaram juntos em vários projetos da Universidade. “A Marizinha tinha muita integridade e muita ética, além de um excelente caráter. Ela era uma excelente amiga, uma pessoa de bem com a vida, com muita energia e muita empatia com o outro, além da preocupação constante em manter uma relação horizontalizada com as pessoas e com o pessoal do Vale do Jequitinhonha. Ela pregava que sua jornada era dedicada a trabalhar ‘com’ o Vale, e não ‘para’ o Vale", conta Diniz. Ele acrescenta que a amiga trabalhava para empoderar as pessoas. “Nos últimos anos, ela atuou mais diretamente com as mulheres do Vale, sempre pensando em estimulá-las a ter mais autonomia e independência."

A energia de Marizinha também foi lembrada pelo pró-reitor de Cultura (Procult) da UFMG, Fernando Mencarelli. “Com sua capacidade, energia e alegria contagiante no trabalho, ela criou laços profissionais e de amizade que vão perdurar e marcar sua presença na história da Procult, da Proex, da UFMG e da extensão no país", afirma Mencarelli.

Referência
Grande parte da trajetória de Marizinha está relacionada ao Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha. Fernando Mencarelli relembra a contribuição da servidora para a extensão universitária brasileira. Por meio do Programa, Marizinha criou uma rede de amplo alcance por todas as cidades, formando e apoiando lideranças, associações e políticas que puseram a região no centro das políticas públicas.

“Marizinha foi e será sempre uma grande referência para todos que trabalham com a cultura e a extensão universitária, nacional e internacionalmente. Ela deixou um legado de grande importância no pensamento e na prática extensionista e contribuiu enormemente para a política nacional de extensão e para a articulação nacional de um movimento que fortaleceu a área no país e na América Latina. Sua grande e maior paixão foi o Vale do Jequitinhonha, onde, por meio do Programa Polo do Jequitinhonha, com quase três décadas de projetos e atividades, ela contribuiu para a afirmação de uma riqueza cultural que é única no país", diz o pró-reitor.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida informa que a UFMG está em luto pela perda precoce de Marizinha. “Ela teve papel inestimável na construção da extensão da nossa Universidade. Estamos em luto, mas seremos fiéis ao legado que ela deixa, da importância da atuação dialógica com as comunidades que interagem com a UFMG.”

Sérgio Diniz acrescenta que a dimensão do Polo do Jequitinhonha deve ser creditada a Marizinha, que sempre teve “mãos firmes e generosas para tocar o Programa. Ela tinha uma paixão enorme pelo Jequitinhonha e plantou a semente desse projeto que é uma árvore frondosa e cheia de frutos. Fica agora a missão de darmos continuidade a esse legado.”

O professor Fabrício Fernandino, do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Belas Artes, também destaca a missão da UFMG em manter as ações iniciadas por Marizinha no Vale do Jequitinhonha. Fernandino conta que trabalhou diretamente com a servidora em várias edições do Festival de Inverno da UFMG, que ele coordenou de 2000 a 2011.

“Conheço Marizinha há mais de 30 anos, e a nossa parceria sempre foi muito intensa. Lembro com carinho quando, em 2005, viajamos por todas as cidades atendidas pelo programa Polo, conhecendo as ações nos municípios que eram apoiados pelo Programa. Aquela viagem resultou em uma exposição maravilhosa, no saguão da Reitoria. Marizinha estava feliz, trabalhando com as mulheres do Jequitinhonha, algo que ela queria muito fazer. É uma perda muito grande para os amigos e para a UFMG", desabafa.

Em 2021, a terceira edição do projeto Diálogos: artista e curador(a) contemplou as artesãs e os artesãos do Vale do Jequitinhonha, em uma produção intitulada Jequitinhonha: arte e resistência. A exposição reuniu duas mostras virtuais e uma abordagem sobre o Programa Polo de Integração da UFMG no Vale do Jequitinhonha, mostrando toda a sua ação para o desenvolvimento da região. 

A curadoria da mostra foi feita por Marizinha e integrou a programação do 53º Festival de Inverno UFMG. No vídeo abaixo, ela fala sobre a exposição, demonstrando sua paixão pelo Vale do Jequitinhonha.